Para ler, assistir e ouvir: Recomendações de Jo Piter

Por Karla Burgoa

Já são mais de onze meses de pandemia, período atípico e delicado na vida de todos. Mergulhar nas páginas de um livro, ou se perder ouvindo um bom disco ou filme é recomendado em qualquer época, mas não dá para negar que nessa fase o passatempo está entre as atividades preferidas de muitos, afinal, desligar-se um pouco da realidade também é necessário.

Pensando nisso, o músico de 22 anos Jo Piter, natural de Recife e potiguar de coração, não poderia deixar de estar no time dos artistas da Nightbird Records para compartilhar suas vivências e expectativas diante desse cenário pandêmico. E foi nesse clima de reflexões sobre a vida, carreira e música, que o artista listou um álbum, um filme e um livro que marcaram sua formação como homem e artista.

Jo Piter, por Walter Nascimento.

– No começo da pandemia foi o momento onde tive mais impulso para começar a compor, além de tudo, a criar conteúdo nas redes sociais, como o Instagram, que foi onde eu comecei a divulgar o meu trabalho artístico. Os primeiros meses da pandemia me deram a coragem que eu precisava pra começar a me lançar, o que me ajudou bastante. Depois disso, muitos convites surgiram.

Desde os 9 anos, Piter já sabia que a música era o seu lugar, mas por causa da timidez, foi apenas aos 18 que iniciou de fato sua carreira musical. Esse pernambucano de Recife aprendeu a tocar violão ainda criança, mas foi por meio da educação musical que percebeu sua riqueza como artista.

– Comecei a tocar violão aos 9 anos de idade, mas nunca fui de cantar, não gostava da minha voz. Tudo mudou quando entrei na licenciatura em Música, por que para ingressar no curso, era necessário fazer um teste de habilidades específicas, e nele, cantar. Foi então que quebrei essa barreira que existia em mim, por querer entrar na área da educação musical, foi um processo de treino e muito descobrimento.

E fruto desse processo de descobrimento artístico e da urgência de falar sobre seus sentimentos, que nasceu, no começo de 2018, a primeira música de Jo, “Plásticos e Canudos”

– Através da música eu consegui falar sobre tudo que vinha sentindo, foi uma grande descoberta. Foi quando abri uma porta que estava fechada, uma porta que dava acesso às minhas próprias emoções, meus próprios sentimentos, pensamentos. Por ocupar um espaço de marginalidade, como pessoa preta e LGBT, pode ser muito complicado acessar esses sentimentos, pode causar dor e medo. Não é fácil. Não tinha facilidade em expor o que sentia. Através da música e composição, pude me entender, me conhecer, foi um leque de possibilidades.

Criado e crescido nas ruas de Pernambuco, a formação da infância é muito presente para ele. Entre Alceu Valença, Timbalada e Olodum, Jo Piter trouxe na bagagem todas suas influências que compõem sua base artística.

– Eu gosto muito de explorar ritmos, cresci ouvindo diversos. Meu pai ouvia muito Zé Ramalho, Alceu, Araketu, Margareth Menezes, já minha mãe gostava de músicas mais calmas, como as canções de Adriana Calcanhotto e Marisa Monte. Isso me influenciou tanto, que quando comecei a compor, acabei juntando os dois mundos, que se conversam, apesar de distintos.

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E para mergulhar e se aprofundar em leituras, Jo Piter traz como indicações de livro a obra “A Revolução e o Negro” de  Marcello Pablito, Daniel Alfonso e Letícia Park.

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Já para se divertir e se perder em ritmos dançantes, Jo indica o disco de 1998, “Timbalada – ao vivo”.

Ouça “Jo Piter – Nightbird Sessions” na sua plataforma preferida: https://backl.ink/144533246

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