Nesta quinta-feira trazemos a segunda entrevista da Conexão Groover, onde vocês irão conhecer mais sobre alguns dos artistas e bandas que fazem parte da nossa playlist de mesmo nome no Spotify.

O Nightbird Records é um parceiro oficial da plataforma francesa Groover, na qual bandas e artistas podem submeter suas canções para jornalistas, blogs e selos avaliarem e promoverem suas faixas. No botão abaixo, você pode nos enviar suas músicas ao se cadastrarem na plataforma:

E hoje vamos em direção à França para batermos um papo com Bantunani! Residente em Paris, o artista tem 45 anos e seu nome artístico é basicamente uma pergunta: quem é Bantu? Numa clara referência ao povo localizado na África Subsaariana, especialmente na República Democrática do Congo, onde ele nasceu.

O projeto nasceu de uma conversa em um restaurante congolês na França onde, segundo Bantu, “havia um desfile nostálgico de músicos de Blues e outras pessoas distraídas”, buscando entender o legado da rumba congolesa e a possível direção da música preta do século XXI, de Kinshasa à Nova York, passando por Paris.

Em nossa playlist, destacamos a faixa “Perspectives”, lançada no álbum homônimo no ano passado. Sobre o processo criativo da faixa, Bantu nos conta o seguinte:

“Eu estava em lockdown entre três países, e não podia respirar. Então decidi reescrever todo o projeto no qual estava trabalhando com meus três filhos (também conhecidos como os Mininani’s – eles participam desta música) e alguns músicos congoleses para fazer algo mais centrado na esperança e na tolerância. Queria abrir a porta para manter a ideia da arte como uma fonte de libertação. Todos estavam sentindo a presença da morte, por isso chamei a música de “Perspectivas”… como alguém que não pode ser derrotado pelo vírus.

Musicalmente, é uma mistura de três mundos: música congolesa, música gnawa marroquina e o London Beat, devido a colaboração de James Auwarter, Sefi Carmel e Philip Larsen (James e Philip já foram premiados nos Grammys). Queria algo bem electro pop contendo uma atmosfera “ao vivo”, para manter o padrão afrofunk do projeto.”

Em seguida, falamos sobre os desafios que a pandemia tem trazido para ele enquanto artista:

“Durante esse período, enquanto artista, eu tenho que continuar cantando, compondo e escrevendo músicas, porque iremos mudar a vida real para um doce sonho, um tipo de lugar onde nada ruim pode acontecer. Gostaria de dançar mais no palco, mas precisamos apoiar uns aos outros já que há muito sofrimento no mundo. Enquanto artista, eu sou um cidadão “afropolitano”. Todas as coisas boas vem no tempo certo.”

– Uma pergunta clichê também não poderia faltar: o que você conhece de música brasileira?

“O que conheço de música brasileira? Não tenho o que conhecer, acho que está no meu sangue já que somos iguais enquanto filhos africanos. Gosto muito de samba, de modo que é possível identificar isso em faixas como “Rising Song”, “African Groovin” ou “Mystic Boogie”. A música brasileira é a ilustração perfeita de um caldeirão de raças. Eu sou muito fã do Paulinho da Costa e do Gilberto (nota: ele não falou se é o Gilberto Gil ou o João Gilberto – apostamos no primeiro). “

– Você já está planejando novos trabalhos para 2022?

“Minha vida é a música, não consigo viver sem escrever canções, é minha expressão sobre o mundo. Então agora estou trabalhando em onze faixas para um novo álbum. Farei meu melhor para inserir mais influências brasileiras, já que tive essa honra de “Perspectives” ter fãs por aí. Dessa vez, o Bantunani terá mais lounge e house music, estou ficando velho, sabe?”

Como fazemos um quadro de indicações aqui no site, pedimos para o Bantu nos recomendar discos, livros e filmes, mas ele foi bem sucinto:

“Recomendo as pessoas lerem mais Nietzsche para entenderem este conceito de eterno retorno. As pessoas precisam entender que o homem pode mudar seu estilo de vida se tomarmos as rédeas de nossas instruções e produções. Não devemos ser guiados por mãos invisíveis.”