Iniciamos hoje aqui no site o projeto Conexão Groover!

Para quem não sabe, o Nightbird Records é um parceiro oficial da plataforma francesa Groover, na qual bandas e artistas podem submeter suas canções para jornalistas, blogs e selos avaliarem e promoverem suas faixas. Desde 2020 estamos na plataforma e já coletamos diversas faixas em uma playlist no Spotify, que vocês podem conferir logo abaixo.

Hoje é dia de entrevistarmos a capa atual da nossa playlist, o duo ASA. Formado pelos compositores Ananda Góes (30 anos, voz), de Salvador-BA, e Fabricio de Monaco (47 anos, cordas e synths), de São Paulo-SP, o conjunto nasceu durante o período atual de isolamento, formulando o processo criativo à distância. A dupla já lançou três singles desde o segundo semestre de 2020 e um deles, “Sempre Mais” aparece em nossa lista. Perguntamos sobre a produção da música e mais detalhes sobre a banda, confiram.

– Sobre o nome ASA:

F: Procurávamos uma palavra simples, curta, sonora, com essência que nos inspirasse, de grafia lida e pronunciável em idiomas diversos. Além disso, a soma numerológica das letras precisaria traduzir bons presságios, coisas positivas.

A: Depois de muitas listas levando em consideração esses aspectos que Fabrício citou, numa conversa com minha namorada, me lembrei da maneira que assinava meus desenhos na pré-adolescência: Asa. Um nome que eu tinha várias resistências mas que soou diferente naquele momento porque esqueci das comparações, e ele parecia sincronizado com aspectos que estavam sempre retornando nas conversas anteriores..

F: Coincidentemente já havia pensado nesse nome, mas me deixou em dúvida o fato da palavra ser muito comum e já usada por outros artistas. Quando Ananda comentou comigo a ideia, além dos 3 caracteres somarem 3, que é ótimo em numerologia, deixei o receio de lado e fechamos ASA como nome do nosso duo.

– Como foi o processo criativo de “Sempre Mais”?

F: As canções de nosso primeiro EP foram escritas por mim antes de formarmos o duo e ganharam muito com a tradução e interpretação de Ananda nos vocais. Em “Sempre Mais”, harmonia e melodia vieram primeiro, como nas demais canções, em uma fase que estava muito conectado com a produção de artistas como Roxy Music, Steely Dan, Marina e Rita Lee entre o fim dos anos 70 e começo dos anos 80. A letra foi escrita depois e fala sobre como podemos produzir e encontrar beleza nos pequenos gestos, nas trocas espontâneas do dia a dia.

A: Gravei os vocais de “Sempre Mais” em Salvador, depois de mais de um ano tentando conciliar nossa construção com a agenda da Coquetel Banda Larga, banda que eu fazia parte na época em que nossa parceria estava se solidificando à distância. Essa não era a faixa que eu mais gostava das que Fá me enviava , com o tempo ela foi encontrando o próprio caminho, a atmosfera foi crescendo muito, o cuidado que Fabricio tem com os detalhes e a escuta dele é muito boa, até quando tá resistente a alterações ele considera experimentar, ele vinha sempre com um consenso das nossas conversas na novas prévias ou mais que isso. E a faixa começou a ter pra mim uma outra relevância e inspiração para os vocais.

Quando fui ao estúdio gravá-la, estava com Nancy Viégas (preparadora vocal e uma artista incrível), que extraiu de mim uma dinâmica que “Sempre Mais” super precisava pra dar um salto. Lembro de ela me dizendo em meio a uma série de observações vocais minuciosas: “Cara, é patins… patins na Orla de Salvador, verão, sua voz vai patinar, desliza que tá tudo certo”, e acho que é uma das faixas que mais curti o resultado inteiro!

– Quais são as influências da banda?

F: Além da produção pop, mais sofisticada, nessa época entre 78 e 84, eu tenho minhas bases na música negra feita no Brasil, nos EUA, na Jamaica e na África durante os anos 70 e 80, ouvi muito rock clássico inglês, electro pop europeu e nossa MPB de Jobim, Donato, Marcos Valle, Gil, Jorge, Novos Baianos, Pepeu, Rita Lee, Marina e tantos outros.

A: Tenho minhas bases no tropicalismo, Soul Music, bastante na Neo Soul, no Soft Rock/synthpop, no jazz, rock inglês, na MPB, artistas africanos, e bebo de todos os ritmos que pulsam em Salvador, onde nasci. Juntos misturamos isso tudo em novas composições escritas agora a quatro mãos.

Asa, foto promocional.

– Como tem sido sobreviver à pandemia?

F/A: Ambos temos trabalhos paralelos ao ASA, para mantermos nosso dia a dia e investirmos em nosso duo. Nesse momento estamos focados no que podemos fazer em nossos home studios e à distância, planejando estarmos estruturados para tocar ao vivo em 2022.

– A banda já projeta novos trabalhos para 2022?

F: Além de nossos primeiros shows, já temos novas produções caminhando, a partir de canções escritas em total sinergia, que ganham novas direções, com a presença das influências e musicalidade de Ananda.

– Quais outros trabalhos vocês poderiam nos recomendar (álbuns, filmes, livros)?

F: Um álbum atemporal, que escutei esses dias e sempre me surpreende é “Maravilhas Contemporâneas” do Luiz Melodia. Outro que considero aula de produção, por uma turma de jamaicanos e ingleses é o “Living My Life”, da Grace Jones. Um filme de meu cineasta favorito que não é muito citado é “Jungle Fever”, do Spike Lee, que traz o foco nas questões raciais a partir de um romance, com trilha linda de Stevie Wonder. “Brasil, Uma Biografia”, de Lilia Schwarcz, é importante para entendermos as raízes de todo esse caos que estamos vivendo hoje no Brasil.

A: Tenho uma proximidade com as leituras herméticas e que tratam da percepção humana. Indico os livros de Krishnamurti e Ailton Krenak para uma mudança estrutural na visão de mundo e de nosso subjetivo profundo. Também indico “Memórias de Minhas Putas Tristes” de Gabriel García Márquez e o meu sonho é ver uma superprodução cinematográfica de um dos livros de André Vianco, que acho um puta talento da ficção brasileira, um romancista que escreve sobre temas sobrenaturais e vampirescos de uma maneira brasileira e muito sofisticada. No mais , pode ler Kafka à vontade, rs. Nossa, um filme maravilhoso pra indicar é “Tommy Opera Rock”, inspirado no álbum da banda inglesa The Who, que tem o mesmo título. Foi um marco lançado em 1969 e continua atual! De álbuns, tem os “Best… I” e “Best… II” do The Smiths que eu amo; “Perfect Angel” da Minnie Riperton; “Extranjero” de Caetano, “Ela” de Elis Regina… E dos mais novos “Navega”de Mayra Andrade e “Tawk Tomahawk” da Hiatus Kayote.

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